A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SOBRE EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA REDE DE SABERES DA UNIFESSPA EM MARABÁ
Célia Evangelista Brito. Mestranda no Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Unifesspa.celia.evangelista@unifesspa.edu.br
Jussara da Silva Nascimento Araújo. Mestranda no Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências e Matemática,Unifesspa.ju.nascience@gmail.com
Carlos Antônio Cunha dos Santos. Mestrando no Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Unifesspa carlos_antonio@unifesspa.edu.br
Alice Silau Amoury Neta. Mestranda no Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências e Matemática,Unifesspa.aliceamoury@outlook.com.br
Ana Cristina Viana Campos. Doutora em Saúde Coletiva. Professora Permanente do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática, Unifesspa. anacampos@unifesspa.edu.br
Introdução
A educação em saúde é um conjunto de práticas pedagógicas de caráter participativo e emancipatório, que perpassa vários campos de atuação e tem como objetivo sensibilizar, conscientizar e mobilizar para o enfrentamento de situações individuais e coletivas que interferem na qualidade de vida (SALCI, 2013).
Segundo RANGEL (2009) educação e saúde são constituintes de um campo epistêmico extremamente importante para a manutenção da qualidade de vida humana. Enquanto a educação é tema e objeto de estudos pedagógicos, sendo a educação a essência dos valores humanos e sociais e é nessa perspectiva de valores que se considera a saúde como tema educativo de formação humana e social, sendo ainda considerado parte essencial da dignidade humana, sendo reivindicado como tal, assim a educação e a saúde andam, portanto, lado a lado.
A escola é compreendida como espaço multidimensional de compartilhamento de relações, cultura, histórias e conhecimentos. Uma das vertentes desejavelmente incluídas no ambiente escolar é a educação em saúde mediada pelas universidades (TONY et al.,2020). Nesse sentindo, se reconhece o vínculo entre a saúde e a educação, sob o argumento desta íntima ligação entre as duas áreas existe ao menos um consenso: bons níveis de educação estão relacionados a uma população mais saudável assim como uma população saudável tem maiores possibilidades de apoderar-se de conhecimentos. (CASEMIRO, et al.,2014). Nesse contexto, o objetivo deste relato de experiência é apresentar a avaliação dos participantes do projeto Rede de Saberes da Unifesspa realizado em Marabá.
Métodos
Este é um relato de experiência desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Educação em Saúde (GEPEDS) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM) da Unifesspa.
A produção dos dados ocorreu no dia 17 de outubro de 2019 durante as atividades do projeto Rede de Saberes na Escola Estadual de Ensino Médio Oneide Tavares, localizada na Folha 30 em Marabá, Pará. Esse projeto tem como um dos objetivos promover atividades de aproximação e interação com as escolas de ensino médio da rede pública, de modo que contribua com o conhecimento dos alunos dessas escolas sobre a Unifesspa. Foram apresentadas informações sobre o acesso à Unifesspa, estrutura dos cursos, as políticas afirmativas e atividades de ensino, pesquisa e extensão.
As variáveis investigadas foram: idade em anos, sexo (masculino, feminino) e a avaliação dos alunos sobre a importância da educação em saúde (pouco importante, mais ou menos importante, e muito importante) e sobre a quantidade/qualidade das ações de educação em saúde desenvolvidas na escola/Unifesspa (muito ruim a muito bom).
As respostas foram inseridas em uma planilha do programa Microsoft Excel 2010 e posteriormente, exportadas para o programa estatístico Bioestat para análise dos dados. A comparação entre as respostas dos alunos para as questões sobre educação em saúde foi avaliada pelo teste qui-quadrado, considerando nível de significância de 5%.
Resultados e Discussão
Foram entrevistados 25 (58,1%) alunos da escola e 18 (41,9%) alunos da Unifesspa. Entre os alunos de graduação entrevistados, 10 (55,6%) eram do sexo masculino com média de idade igual a 22,5 (±4,0) anos. A maioria dos alunos da escola entrevistados era do sexo feminino (56,0%) com média de idade igual a 15,2 (±2,0) anos.
Figura 1. Avaliação dos alunos participantes do Projeto Rede de Saberes sobre à importância da educação em saúde, Marabá, 2019 (N=43).
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Conforme pode ser observado na figura 1 acima quando perguntados sobre a importância da educação em saúde aos alunos da graduação, a maioria 83,3 % dos alunos considerou a educação em saúde muito importante e nenhum aluno considerou pouco importante, entre os alunos da educação básica 48% considerou muito importante e 28% pouco importante, 24% dos alunos da educação básica e 16,6 % dos alunos da graduação consideram mais ou menos importantes.
Com isso, é possível afirmar que os alunos da graduação atribuem maior importância a educação em saúde quando comparados aos alunos da educação básica e mais alunos da educação básica consideram a educação em saúde pouco importante. Isso pode estar condicionado pelo fato de que os alunos da graduação já podem terem passado por algum processo formativo em educação em saúde, assim como foi discutido nos estudos de (FISCHER, et al.,2020), nesse mesmo sentido o estudo de CASTRO, et al (2014) mostra que as pessoas tem a concepção de saúde definida por sua formação e inserção no mundo.
Figura 2. Avaliação dos alunos participantes do Projeto Rede de Saberes sobre a quantidade de ações de educação em saúde realizadas na respectiva instituição de ensino, Marabá, 2019 (N=43).
Em seguida, foi verificado a avaliação dos alunos participantes do Projeto Rede de Saberes sobre a quantidade de ações de educação em saúde. Conforme, pode ser observado na figura 2, entre os alunos da graduação 44,4% avaliaram como muito bom a quantidade de ações de educação em saúde, já entre os alunos da educação básica 28% consideraram como muito bom. Outros 33,3% dos alunos da graduação e 28% dos alunos da educação básica avaliaram como bom, mais 24% dos alunos da educação básica e 22% dos alunos da graduação avaliaram como nem bom nem ruim. Em menor quantidade 12% e 8% dos alunos da educação básica consideram ruim e muito ruim respectivamente, nenhum aluno da graduação avaliou como ruim ou muito ruim.
Os resultados demonstrados na figura 3, descrevem que a quantidade de ações de educação em saúde desenvolvidas foi mais adequada na percepção dos alunos da graduação comparados aos alunos da educação básica. Nenhum aluno da graduação considerou ruim ou muito ruim a quantidade de atividades desenvolvidas.
Figura 3. Avaliação dos alunos participantes do Projeto Rede de Saberes sobre a qualidade de ações de educação em saúde realizadas na respectiva instituição de ensino, Marabá, 2019 (N=43).
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Ao observar os resultados expostos na figura 03 é possível afirmar que a maioria dos alunos da graduação avaliaram como muito bom a qualidade das ações de educação em saúde realizadas, entre os alunos da educação básica a maioria avaliaram como bom.
Segundo MOREIRA et al. (2006) destacam a importância de atividades como essa, pois a educação em saúde deve ser pautada pela busca ativa do aprendizado e deve ser realizada preferencialmente na forma de projetos multidisciplinares, com o incentivo de atividades em que os alunos possam atuar como protagonistas, desde o planejamento até a organização.
Considerações finais
Os resultados sobre a opinião dos estudantes, tanto da graduação como do ensino médio, mostraram que a quantidade e a qualidade das ações de educação em saúde, realizadas na Escola Estadual de Ensino Médio Oneide Tavares, durante o projeto Rede de Saberes, são consideradas positivas pelos entrevistados ( muito bom/bom). A maioria dos participantes também considerou muito importante as ações de educação em saúde realizadas. O resultado da experiência reforça a importância das ações desenvolvidas pela Unifesspa em parcerias com a escola básica e a comunidade onde está inserida.
Referências
CASEMIRO, Juliana Pereira; FONSECA, Alexandre Brasil Carvalho da; SECCO, Fabio Vellozo Martins. Promover saúde na escola: reflexões a partir de uma revisão sobre saúde escolar na América Latina. Ciência & saúde coletiva, v. 19, p. 829-840, 2014.
CASTRO, L. M. C. ; ROTENBERG, S. ; GUGELMIN, Slvia Angela ; SOUZA, T. S. N. ; Maldonado, L. ; MENEZES, M. F. ; Valente, M. C. . Saúde, promoção da saúde e agentes multiplicadores: concepções de profissionais de saúde e de educação do município do Rio de Janeiro. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde , v. 9, p. 467-481, 2014.
FISCHER, Marta Luciane et al. Caminho do diálogo II: ampliando a experiência bioética para o ensino médio. Revista Bioética, v. 28, n. 1, p. 47-57, 2020.
LEONELLO, Valéria Marli; L’ABBATE, Solange. Health education in schools: an approach based on the curriculum and perception of undergraduate education students. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.10, n.19, p.149-66, jan/jun 2006.
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MOREIRA, Fernanda Gonçalves, SILVEIRA, Dartiu Xavier, ANDREOLI, Sérgio Baxter. Redução de danos do uso indevido de drogas no contexto da escola promotora de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 2006;11(3): 807-816.
RANGEL, Mary. Educação e saúde: uma relação humana, política e didática. Educação, Porto Alegre, v. 32, n. 1, p. 59-64, jan./abr. 2009.
SALCI, Maria Aparecida et al. Educação em saúde e suas perspectivas teóricas: algumas reflexões. Texto & Contexto Enfermagem, v. 22, n. 1, p. 224-230, 2013.
SANTOS, Kátia Ferreira dos; BÓGUS, Cláudia Maria. A percepção de educadores sobre a escola promotora de saúde: um estudo de caso. Rev. bras. crescimento desenvolv. hum. v.17 n.3 São Paulo dez. 2007.
TONY, Ana Carolina Carraro et al. Teaching Basic Life Support to schoolchildren: quasi-experimental study. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 28, 2020.
Olá, gostaria de saber qual a abordagem metodológica utilizada na sua pesquisa, vejo muitos gráficos, mais não consegui identificar na escrita se ela é quantitativa, qualitativa ou mista?
ResponderExcluirEster silva Chaves
Olá, Ester a pesquisa aborda a quantidade/qualidade das ações de educação em saúde desenvolvidas na escola/Unifesspa, portanto é uma pesquisa quanti-qualitativa.
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