AUTOAVALIAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA A PARTIR DA PLATAFORMA SCIELO

Ester Silva Chaves, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática-PPGECM, Mestranda, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará-Unifesspa, esterchaves@unifesspa.edu.br 
Alessandra de Rezende Ramos, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática-PPGECM, Orientadora, Doutora, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará-Unifesspa, alessandraramos@unifesspa.edu.br

RESUMO: Autoavaliação é um tema necessário e importante para o contexto educacional, porém ainda escasso nas produções científicas, principalmente a nacional. O objetivo do trabalho é apresentar uma revisão de literatura, sendo esta um recorte de uma revisão integrativa em andamento. Para a busca foi escolhido o banco de dados eletrônico Scielo, com publicações produzidas no período de 2010 a 2020. Para a inclusão das referências na busca dos descritores selecionados (Autoavaliação, Educação, Professores e Alunos) deveriam estar contidos em dois dos elementos textuais: título, resumo ou palavra chaves. Os resultados mostraram um número de cento e noventa e nove produções acadêmicas selecionadas que apresentaram pelo menos dois dos descritores nos elementos textuais. Ressaltamos que este é um estudo preliminar e que outras plataformas serão utilizadas na revisão integrativa. 

INTRODUÇÃO
A autoavaliação, que pode ser definida como uma compreensão de si mesmo (auto = próprio; avaliar = compreender), constitui-se como tema de grande relevância em ambientes educacionais, ainda que pouco explorado nos referenciais teóricos disponíveis nas bases bibliográficas do Brasil. Na literatura há um número reduzido de estudiosos que pesquisam especificamente a autoavaliação (RÉGNIER, 1999; NEVES, 2010; LOPES 2018; REIS, 2014). No ambiente escolar esse cenário também é incomum, pois “a autoavaliação ainda não faz parte da cultura escolar brasileira. Entretanto, se quisermos sujeitos autônomos, críticos, devemos ter consciência de que tal prática deve ser incorporada ao cotidiano dos planejamentos dos professores, do currículo, por fim.” (FERNANDES, 2008, p.35). Assim, a autoavaliação é importante para o professor refletir sobre suas práticas e se tornar mais crítico para evoluir enquanto profissional, uma vez que “a autoavaliação é o processo por excelência da regulação, dado ser um processo interno ao próprio sujeito” (SANTOS, 2002, p. 02).

Para uma avaliação mais contemporânea que contemple a aprendizagem Luckesi (1995), vai propor que a origem da avaliação iniciou no século XVI e XVII na escola moderna, com a prática de provas e exames que se espalharam com a concretização da burguesia.

Destacamos o educador americano Tayler (1942), que trabalhava com o tema avaliação, e ficou conhecido como como o pai da avaliação educacional. Antes disto, o tema da avaliação era visto meramente como uma técnica para medir os resultados de aprendizagem, para comparar os grupos de alunos. Porém Tyler defendia a avaliação como “[...] um processo para determinar até que ponto os objetivos educacionais foram realmente alcançados” (TYLER, 1942 apud RISTOFF, 2003, p. 22). A avaliação pode ser dividida em três tipos, heteroavaliação, autoavaliação e coavaliação, porém daremos ênfase nesse trabalho apenas na autoavaliação.

Um dos primeiros a debater o conceito de autoavaliação foi Jhonn Elliot (1982), que define a autoavaliação como uma ferramenta essencial que faz o sujeito olhar para si e refletir. Desta forma, Sant’anna (1995) compreende a avaliação como “Um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático” (SANT’ANNA, 1995, p.29, 30).

Ressaltamos ainda, que realizar autoavaliação não é algo simplório, pois ao colocá-la em prática, consideramos que o indivíduo irá olhar para dentro de si, e reconhecer seu potencial. Neste processo de avaliação é mais comum avaliar o sistema educacional, a escola, o aluno, o conteúdo, o colega de profissão, ou seja, avaliar o outro, pois quando chega o momento de refletirmos e atribuirmos desempenho de nossas potencialidades e nossos erros, a situação muda. 

Essa dificuldade em se autoavaliar ocorre pela ausência da prática de autoavaliação na rotina dos ambientes educacionais. Segundo Reis (2014, p. 12) “Assim, é fundamental dar um novo enfoque no papel do professor e na sua participação na construção de um ensino de qualidade, possibilitando ao sistema de gestão escolar brasileiro desenvolver a cultura da autoavaliação docente como um processo que pertence à rotina escolar”. 

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um recorte de uma revisão de integrativa acerca dos trabalhos científicos publicados sobre o tema autoavaliação 

METODOLOGIA
Para a pesquisa bibliográfica foi selecionado o banco de dados eletrônico SciELO, utilizando os seguintes descritores: “Auto-avaliação AND Educação”, “Autoavaliação AND Educação”, “Auto avaliação AND Educação”, “Auto-avaliação AND Professores”, “Autoavaliação AND Professores”, “Auto avaliação AND Professores”, “Auto-avaliação AND Alunos”, “Autoavaliação AND Alunos”, “Auto avaliação AND Alunos” “Auto-avaliação AND Educação AND Professores”, “Auto-avaliação AND Educação AND Alunos”, “Auto avaliação AND Educação AND Professores”, “Auto avaliação AND Educação AND Alunos”, “Autoavaliação AND Educação AND Professores”, “Autoavaliação AND Educação AND Alunos” . A busca por referências abrangeu o período de 2010 a 2020. 

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os descritores selecionados foram baseados nos termos Autoavaliação, Educação, Professores e Alunos. Destaca-se que o termo autoavaliação apresentou três diferentes formas de grafia: autoavaliação, auto-avaliação e auto avaliação. Desta maneira os descritores foram combinados formando quinze termos (Fig. 1).

Figura1. Mapa Conceitual da sistematização da busca no Banco de Dados da Scielo


Fonte: Autora, 2020.

Para a seleção das referências foi observado os elementos textuais título, resumo e palavras chaves. A presença da combinação dos descritores (Autoavaliação + Educação, ou Autoavaliação + Professores, ou Autoavaliação + Alunos, ou Autoavaliação + Educação + Professores, ou Auto avaliação + Educação + Professores, ou Auto-avaliação + Educação + Professores, ou Autoavaliação + Educação + Alunos, ou Auto avaliação + Educação + Alunos, ou Auto-avaliação + Educação + Alunos) em pelo menos dois elementos textuais foi o critério de inclusão utilizado na pesquisa.

Ao pesquisar “Auto-avaliação AND Educação” e “Auto avaliação AND Educação” encontramos os mesmos resultados sendo oitenta e um (81) no total, e selecionamos trinta e nove (39) artigos científicos. Com os termos “Autoavaliação AND Educação” identificamos cento e quarenta e cinco (145) resultados, sendo noventa e seis (96) referências selecionadas. 

Ao buscar o termo “Auto-avaliação AND Professores” e “Auto avaliação AND Professores” também encontramos o mesmo resultado, sendo no total vinte e nove (29), com seleção de dezoito (18) artigos. Ao buscar “Autoavaliação AND Professores” encontramos setenta e quatro (74) resultado no total e selecionamos sessenta e nove (69) trabalhos. 

Na busca dos descritores “Auto-avaliação AND Alunos” e “Auto avaliação AND Alunos” identificamos o mesmo resultado de referências, sendo quarenta e quatro (44) no total, com a seleção de quinze (15) artigos. Todavia na busca de “Autoavaliação AND Alunos” identificamos cinquenta e seis (56) resultado e selecionamos trinta e oito (38).

No intuito de refinar ainda mais o trabalho, optamos por pesquisar o conjunto dos seguintes descritores “Autoavaliação AND Educação AND Professores” e encontramos quarenta (40) resultados no total e selecionamos vinte e quatro (24) trabalhos. Ao buscarmos pela combinação “Autoavaliação AND Educação AND Alunos” encontramos trinta e oito (38) resultados e selecionamos vinte e sete (27) trabalhos acadêmicos. Ressaltamos que na busca com combinações de descritores foi utilizada todas as grafias de autoavaliação. Contudo os resultados mostram o número total do descritor autoavaliação considerando todas as grafias. 

Nas competências socioemocionais temos o autoconhecimento, assim, a autoavaliação se encaixa como uma das habilidades que o ser humano precisa desenvolver para aprender a lidar com as emoções. Pois ao se autoavaliar o sujeito permite, de acordo com Bélair (1999, apud ALVES & MACHADO, 2008, p.76), “(…) a olhar-se, a analisar-se, a mergulhar nas suas próprias dificuldades, com o risco de, entre outros, alterar a imagem que tem de si próprio e assim, a necessidade de reconstruí-la a partir do zero, ou sob outros ângulos”. Deste modo, a autoavaliação produz mudança no indivíduo, pois o mesmo, ao refletir e analisar o meio que está inserido, pode compreender qual seu papel nesse meio, permitindo fazer alterações em sua própria imagem para evoluir enquanto sujeito da sociedade. 

Na busca realizada no banco de dados eletrônico da SciELO encontramos quatrocentos e oito (408) artigos científicos usando a combinação de descritores pré-determinados. Destes duzentos e nove (209) foram trabalhos encontrado mais de uma vez por diferentes descritores, e apenas cento e noventa e nove (199) trabalhos foram encontrados apenas uma vez. No entanto identificamos um número significativo de trabalhos científicos com o termo Autoavaliação + Educação, focando a área da Saúde.

Os resultados demonstram uma produção reduzida, sendo o filtro temporal usado dos últimos 10 anos, e os trabalhos foram publicados em revistas nacionais e internacionais. Enfatizamos que esta pesquisa é um recorte de uma Revisão Integrativa que abrangerá outras quatro bases bibliográficas, pois diante dos dados obtidos, fica claro a necessidade de buscar outros bancos de dados a fim de dar mais robustez ao trabalho. 

CONCLUSÃO
O tema autoavaliação é inerente no âmbito educacional e precisa ser divulgado nesse contexto, pois tem como objetivo instigar a compreensão de si mesmo, através da reflexão sobre suas ações. Assim, entendemos que ao disseminar a prática da autoavaliação para os professores e alunos, o sistema educacional tem muito a ganhar, pois seus principais participantes terão a possibilidade de refletirem mais sobre si e sobre o meio onde está inserido, mas ressaltamos que tais práticas precisam ser rotineiras a fim de se tornarem um hábito para quem a pratica. 

Os resultados apresentados neste trabalho demonstram uma reduzida produção acadêmica sobre autoavaliação, o que pode refletir o déficit desta prática nos ambientes educacionais. 

REFERÊNCIAS
Alves, M. & Machado, E. Avaliação com sentido (s): contributos e questionamentos. Santo Tirso: De Facto, 2008.

FERNANDES, C. Indagações sobre currículo: Currículo e Avaliação. MEC- Ministério da Educação e Cultura. Secretaria da Educação Básica. Brasília: DF, 2008.

LOPES, Ivan do Nascimento F. A Prática da Autoavaliação no Ensino Superior. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, 2018, vol.12, n.39, p.839-850. ISSN: 1981-1179. 

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo : Cortez, 1995.

NEVES, E. Estudo de uma escala de autoavaliação da prática docente: contributos para o desenvolvimento profissional. 2010. 136 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Psicologia e Ciência da Educação, Universidade de Coimbra, 2010. 

RÉGNIER, Jean-Claude. A autoavaliação na prática pedagógica. Avaliação, v.4, n.4 (14), 1999. p.45-53, dez.

REIS, Mayara. Lima dos. Autoavaliação em perspectiva colaborativa para a melhoria da prática docente. Dissertação (mestrado) - Universidade de Brasília, Faculdade de Planaltina, Programa de Pós -Graduação em Ensino de Ciências, 2014.

RISTOFF, Dilvo. Algumas definições de avaliação. Avaliação – Revista da Rede de Avaliação Institucional da Educação Superior (RAIES). Campinas, v. 8, n. 2, p. 19-30, jun. 2003.

SANTANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar? Rio de Janeiro, Vozes, 1995, pg.31,32.

SANTOS, Leonor. Auto-avaliação regulada: por quê, o quê e como? mar. 2002. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/msantos/textos/DEBfinal.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2012.

Comentários

  1. Na metodologia foi apresentado a banco de dados em que a pesquisa foi realizada e o período cronológico da pesquisa, mas faltou a metodologia, por isso gostaria que espanasse qual a metodologia utilizada nessa pesquisa.

    Valdineia Rodrigues Lima

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  2. O presente trabalho é um recorte de uma revisão integrativa que está em construção, sendo esta parte da pesquisa intitulada "Discursos construídos sobre autoavaliação entre mestrandos do Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências e Matemática PPGECM/UNIFESSPA", a metodologia utilizada é a de abordagem qualitativa.

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